FALA MARIAM
11 ABRIL 2017

01

Música e Orquestração: Fala Mariam
Interpretação: Fala Mariam (TB) e Helena Espvall (CLO)
Copista e arranjador: Sei Miguel

Pintura e desenho:
The Swimmer”, 2009
Acrílico sobre tela
90 x 90 cm

resenha”, 2016
Lápis e tinda china sobre papel
42 x 42 cm

resenha”, 2016
Lápis e tinda china sobre papel
42 x 42 cm

Registo de som: André Gonçalves
Registo de imagem: Marta Pina
Fotografia: Nuno Martins e João Silvério


 


The Swimmer, Resenha e Som: 3 imagens por Fala Mariam, 2009 – 2016

O dispositivo de Fala Mariam para esta edição do EMPTY CUBE constitui-se como uma síntese das premissas deste projecto curatorial. A construção arquitectónica, posicionada como uma caixa de palco no centro da galeria, é simultaneamente um outro espaço expositivo onde são expostos dois desenhos e uma pintura. Os desenhos, intitulados “resenhas” (2016), estabelecem um diálogo com a pintura “The Swimmer” (2009), no sentido em que Fala Mariam, além de artista plástica, é também compositora e trombonista. Ou seja, Fala Mariam é artista, e neste aspecto nenhuma das duas áreas anteriormente descritas tem precedência sobre a outra. Por um lado, pode parecer que estamos perante uma acção multidisciplinar na razão das equivalências entre as artes visuais e a música. Mas, por outro, esta acção, que compreende estas duas áreas, é um repto à nossa percepção e à nossa capacidade de integrar um acto artístico em que podemos encontrar correspondências. Nos intervalos em que as ligações parecem ausentar-se, durante um período aproximado de duas horas, Fala Mariam e a violoncelista Helena Espvall desenvolvem mais uma dualidade, no contexto das três imagens presentes no título desta obra.
O(s) corpo(s) tem uma presença muito importante neste projecto, porque a pintura “The Swimmer” (O Nadador) indexa movimentos performativos da interpretação da trombonista, e do próprio instrumento, o trombone. Mas as cordas do violoncelo, e a sua intérprete, podem recolocar-nos perante a densidade plasmática, embora fluida, da primeira imagem que a pintura nos devolve e que os desenhos, na sua construção sincrética, representam na espacialidade das gradações da textura poética da pintura.
Haverá outros por certo, e a sua construção musical pode eventualmente ser uma outra. Mas esta obra reifica-se para o sujeito enquanto acto artístico indivisível, embora construído em diferentes sedimentos. 

João Silvério
Curador


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